Conteúdo original ou original clichê?

Primeiramente, é preciso definir o que é um conteúdo original. O que é um conteúdo original para você? Você certamente vai me responder que é um conteúdo que você nunca viu em nenhuma outra plataforma, site, o que quer que seja, certo? Sim, você está certo. Partindo dessa premissa, eu vou te fazer uma outra pergunta: o que você espera de um conteúdo original? Que ele entregue as respostas para as suas perguntas? Que ele entregue aquilo que você não viu em nenhum outro lugar? Que ele seja um conteúdo autoral, de modo que você enxergue de uma forma implícita a assinatura que você deixou? Você espera de um conteúdo original tudo isso, não é verdade. Se as respostas para todas essas perguntas foi sim, então eu vou ainda mais além: você realmente recebe esse conteúdo original? Ou o que você recebe é um original clichê?

O que os algoritmos mais costumam entregar não é necessariamente conteúdo original, por mais que quem comande as fórmulas matemáticas desses algoritmos te peçam isso para que os algoritmos te compreendam. Eles mais escondem do que entregam com base em justificativas subjetivas. O que os algoritmos te entregam é um original clichê, com respostas que você poderia ver em qualquer lugar, mas apenas vindas de fontes selecionadas. O que desestimula bastante quando se parte do princípio de que a Internet poderia ser um lugar onde todos compartilham os seus conhecimentos ao mesmo tempo que todos somos leitores, de escritores e artistas incríveis que descobrimos nesse lugar na teoria democrático, pela amplitude e capilaridade que nenhum outro lugar permite.

E estar em um ambiente onde esse conhecimento está disponível para todo mundo é importante para quem está em todos os lados, desde quem produz até quem consome esse conteúdo. E não são, ou melhor, não deveriam ser, os algoritmos que deveriam definir o que é original e o que realmente é um conteúdo de valor para as pessoas, se são elas quem determinam o que é um conteúdo de valor para elas mesmas, e isso é um conceito que varia de pessoa para pessoa. É só ver o que elas consomem nas redes sociais. É só ver que elas querem se sentir representadas. É só ver que elas querem se ver no outro lado da tela, como de fato elas se veem. Mas acontece direto dos mecanismos de pesquisa não fornecerem as respostas que você quer. Eu já passei muito por isso na hora de fazer uma simples busca na Internet.

Mais do que somente consumir um conteúdo original e autoral, as pessoas querem ter a sua identidade representada, e se ninguém faz isso, elas fazem por si mesmas, pelos seus próprios meios e utilizando os seus próprios recursos, juntando projetos que já realizou, as coisas que mais gosta, os seus sentimentos em relação a aquilo que as rodeia e por aí vai. Coisas que cada um de nós temos de especial e queremos compartilhar com outras pessoas. E assim nascem os produtores de conteúdo independente. Que utilizam dos seus meios e dos seus recursos para produzirem um conteúdo original e autoral, e não tão e somente um original clichê, amigável aos mecanismos de pesquisa, e que nem sempre exploram aquilo que a gente chama de originalidade. Afinal, isso algoritmo nenhum pode definir.

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