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#ContentTalks: Criadores responsáveis: ética na comunicação

Até onde é marketing, até onde é manipulação, como equilibrar a questão ética na comunicação?

A linha que separa o marketing da manipulação é mais fina do que parece. Em um cenário onde as redes sociais se tornaram vitrines de ideias, produtos e opiniões, cada post é uma escolha ética. O criador de conteúdo não é apenas um comunicador — é também um formador de percepções. E toda forma de influência, por mais sutil que pareça, traz consigo uma responsabilidade.

Quando o marketing é bem feito, ele informa, inspira e oferece soluções. Ele desperta interesse sem forçar uma decisão. Mas quando se ultrapassa o limite da honestidade, o discurso perde transparência. É aí que a comunicação se torna manipulação — quando a mensagem é construída para enganar, distorcer ou pressionar o público a agir sem clareza.

O problema é que, nas redes sociais, essa fronteira é constantemente testada. A busca por cliques, curtidas e conversões pode levar criadores a adotar práticas questionáveis: exagerar resultados, omitir informações ou forjar autenticidade. E nesse processo, o público — cada vez mais atento — começa a desconfiar. O engajamento pode até subir por um tempo, mas a credibilidade cai.

Ser um criador responsável é entender que ética também é estratégia. Uma comunicação transparente constrói laços duradouros. Isso vale para marcas e para pessoas: quanto mais verdadeira for a relação com o público, mais sólida será a reputação. Não é sobre vender a qualquer custo, mas sobre criar um diálogo onde o outro se sinta respeitado.

A ética na comunicação também envolve reconhecer o impacto social do que se publica. Uma frase fora de contexto, uma informação sem checagem ou uma tendência explorada de forma superficial podem gerar desinformação e reforçar estereótipos. O criador responsável filtra, contextualiza e, principalmente, reflete antes de publicar.

Outra questão delicada é o uso de gatilhos emocionais. O marketing moderno aprendeu a explorar desejos e medos humanos para gerar ação — e até certo ponto, isso é legítimo. Mas há uma diferença entre emocionar e manipular. Quando a emoção é usada apenas como ferramenta para enganar ou pressionar, perde-se o respeito pelo público. A empatia dá lugar à exploração.

Ser ético não significa ser frio ou sem emoção. Pelo contrário — é usar a emoção de forma consciente, com propósito. É possível sensibilizar sem distorcer, inspirar sem iludir, persuadir sem mentir. O conteúdo ético é aquele que desperta reflexão, não culpa; que informa, não engana; que valoriza o público, em vez de usá-lo.

Em tempos de algoritmos e impulsionamentos, o criador responsável é aquele que entende que os números não justificam tudo. A credibilidade é o ativo mais valioso de quem comunica. Ela leva tempo para ser construída e pode ser perdida em segundos — com um post mal planejado, uma promessa falsa ou uma colaboração sem transparência.

Por isso, antes de publicar, pergunte-se: essa mensagem é verdadeira? está alinhada com meus valores? eu compartilharia isso se não houvesse métricas envolvidas? Essas perguntas simples ajudam a manter a coerência, mesmo num ambiente que muda o tempo todo.

No fim das contas, ética na comunicação não é censura — é consciência. É compreender o poder que as palavras e imagens têm de influenciar pessoas e usar esse poder de forma responsável. Ser criador é inspirar, informar, transformar. E isso só é possível quando a mensagem vem com verdade.

O marketing move o mundo. Mas é a ética que mantém esse movimento humano.

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