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Como você anda nas ruas?

Como você anda nas ruas? Você tem enfrentado dificuldades para caminhar? E como você mesmo trata a calçada da sua casa?

Hoje tive mais uma das minhas caminhadas. Não, eu não caminho por esporte. Não, não quero caminhar para isso, eu entendo que a minha caminhada é mais para explorar os lugares do que para cuidar de mim mesmo. Entendo que o meu corpo está em ordem e que tudo o que eu preciso é exercitar a minha mente. Por isso, não me preocupo tanto assim com o modo com o qual eu vou caminhar, senão ir de um lugar para o outro sem saber que roteiro seguir, ou seguindo o meu roteiro. É assim que eu ando. E você, como você anda nas ruas? Você tem enfrentado dificuldades para caminhar? E como você mesmo trata a calçada da sua casa?

Gosto de falar de uma coisa chamada empatia. Se coloque no lugar de alguém que tem dificuldade para caminhar. Eu não tenho essa dificuldade, mas o que eu não gosto é de encontrar calçadas cheias de obstáculos, e pior, com cerâmica de porcelanato, sabendo que é uma coisa escorregadia. Tem gente que bota por achar isso bonito, mas é ruim para quem caminha, pior ainda para quem tem dificuldade de caminhar ou tem deficiência visual. O chão é o limite, mas em se tratando de uma rua, o limite é o leito da pista. Ainda mais quando essa calçada é enladeirada. Já deixei de caminhar em várias calçadas porque eu sabia que iria encontrar calçadas assim.

Tem sido cada vez mais comum – e ainda bem! – encontrar calçadas acessíveis nas ruas aqui do bairro, nessas iniciativas recentes da Prefeitura de calçar ruas já com as calçadas, afinal é necessário se manter um padrão exatamente por conta das pessoas que tem dificuldades de locomoção e não podem fazer da simples caminhada de um lugar para o outro apenas para resolver os seus problemas uma verdadeira corrida de obstáculos. Todas as calçadas dessas ruas recém-calçadas são devidamente niveladas, com rampas para cadeirante (ok, para qual faixa de pedestre?), pisos táteis que servem de guia para deficientes visuais e recuos sob medida para cada porta de garagem que exista na rua.

Ok, já ouvi relatos de gente que reclama dessas calçadas, mas é aquilo que eu disse: reclama porque não tem problemas de mobilidade, reclama por não ter empatia com quem tem dificuldade de caminhar numa calçada, que é uma coisa simples, mas que quanto mais obstáculos as pessoas colocam nelas, mais desestimulam as pessoas de simplesmente sair de casa, afinal, pista não é local de caminhar e ninguém quer passar pelo risco de ser atropelado simplesmente porque a calçada onde deveria caminhar está cheia de barreiras, mato, ou onde ela simplesmente sequer existe onde quer que você passe.

Já encontrei várias calçadas dessas de pedras que elas estão soltas e o pessoal não se dá o trabalho de consertar. Outras muito altas, sem se importar com o fato de que pessoas podem sofrer acidentes. Quer colocar barreiras no mínimo sustentáveis? Plante uma árvore na frente, algo simples e muito útil em ambientes onde é preciso ter a sombra de árvores para dar uma amenizada no calor e ter um pouco de ar puro para se respirar dentro do possível quando se vive em uma cidade grande, mas tem gente que não gosta muito e não sabe porque sente tanto calor ou reclama do ar que respira. Vai servir muito mais do que um obstáculo de cimento que aparece no meio da rua.

Eu tenho 36 anos e não tenho dificuldades para caminhar, mas eu sempre encontro obstáculos em várias calçadas que eu passo. Eu posso desviar enquanto eu tiver saúde e idade para isso, mas uma hora a idade chega e eu vou ter essa dificuldade quer queira, quer não, porque eu não vou ter a mesma disposição, muito menos o mesmo físico, daqui a 30 anos. Afinal, daqui a 30 anos eu já serei uma pessoa idosa, ok que eu nem queira me lembrar disso no momento, mas é a realidade da idade e eu tenho que conviver com ela. E enquanto puder conviver com saúde e disposição, caminho da maneira que eu posso, na certeza de que lá na frente, não vou caminhar da mesma maneira.

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