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A MANIFESTAÇÃO DA CRIATIVIDADE

Eu resolvi fazer a minha escolha pela tranquilidade, longe de todo e qualquer tipo de barulho de carnaval. O ótimo […]
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Eu resolvi fazer a minha escolha pela tranquilidade, longe de todo e qualquer tipo de barulho de carnaval. O ótimo da cidade é isso, quando se quer comemorar o carnaval, se faz isso nas prévias.

nada me impede de ser alegre

E muitos turistas procuram João Pessoa exatamente por isso: buscar um ambiente aonde a pessoa possa realmente descansar e fugir de toda a agitação do Carnaval. O problema é que muitos de nós aqui na cidade mesmo não estamos satisfeitos com isso – oh mania de querermos nos basear no sucesso de cidades grandes, como se o que dá certo nesses locais desse certo por aqui. Nada disso. O que nasce do espontâneo, e que gera repercussão espontânea é o que dá certo e é o que está em nossa identidade. Assim se desenvolveu a programação de prévias carnavalescas, onde a criatividade que as fez nascer foi mais importante.

Também está na essência do pessoense de curtir o carnaval fazer isso em outras cidades litorâneas aqui do nosso redor mesmo. Quem realmente quer se divertir não quer fazer isso aqui, quer respirar outros ares e estar em outros ambientes. Isso deixa a cidade para quem quer curtir a tranquilidade – prefiro assim mesmo. O barulho de lá fora muitas vezes não me agrada, a se ver pelas bebedeiras e músicas que não lembram em nada o sentido do que as pessoas convencionaram em chamar Carnaval.

E muita gente – como eu – prefere passar esses três dias da folia de momo descansando. Se bem que já descansei 59 dias e para mim o Carnaval ter chegado agora foi péssimo para quem já estava começando a retornar à rotina. Mas quem sou eu para contrariar o calendário. Aliás, Carnaval nem feriado é. As repartições decretaram ponto facultativo. Mas quem vai trabalhar?

Eu quero curtir a minha tranquilidade. E quem quer curtir o carnaval, crie o seu próprio bloco. Tá aí um ótimo motivo para você desenvolver a sua criatividade sem ter que recorrer à soluções prontas baseadas “nisso ou aquilo que vi em algum lugar”. Muitos blocos carnavalescos surgiram de aniversários, brincadeiras de amigos,  e tomaram proporções gigantescas. Isso explica porque, mesmo que eu não curta o Carnaval, gosto de ver a manifestação espontânea e cultural das pessoas que escolheram curtir a data se divertindo. Elas tem o pleno direito de fazer em quatro dias ou mais aquilo que não fazem em 364.

Muitas pessoas quando não gostam do Carnaval dizem que “ah, o Brasil deveria ser um país culto e não deveria comemorar essa data”. Já estão exagerando demais ao apresentar esse tipo de argumento. Ora, na Espanha, um país da Europa (e é porque está em crise econômica) existe anualmente uma guerra de tomates internacionalmente conhecida. Se tal festa fosse comemorada aqui no Brasil, os chatos diriam que “estamos desperdiçando comida que serviria para matar a fome dos que não tem o que comer”. E é certo que ninguém vive só de tomates. Nem nós que temos uma refeição farta, nem quem não tem o que comer.

Na cultura americana, o país pára para assistir ao último jogo da Liga Nacional de Futebol Americano, o Super Bowl como eles chamam. É como se nós aqui no Brasil parássemos para assistir a final da Copa do Mundo com a nossa seleção jogando. E sabe-se que a audiência do Super Bowl é tão grande que os anunciantes pagam milhões de dólares por um espaço de 30 segundos nos intervalos comerciais da transmissão. Lá, isso faz parte da cultura deles. No nosso caso da final da Copa ficamos extasiados quando ela acontece. Quando não, nós questionamos, apresentamos argumentos, e soltamos que “nas nações desenvolvidas isso não acontece”. E final de Super Bowl tem todo ano, diferente da Copa que acontece de quatro em quatro.

Nós e a nossa eterna mania de questionar o nosso comportamento baseado no dos outros, e os outros tem tantas peculiaridades quanto nós temos. Não somos excêntricos só porque aqui se comemora o Carnaval – que é comemorado em outros países, mas o que se faz aqui é um produto turístico conhecido internacionalmente.

Afinal, todos os argumentos mais absurdos para alguém dizer que “deveríamos acabar com o Carnaval” não colam. O que faz parte do cenário cultural do brasileiro não será deletado por decreto. Porque na essência do ser humano está a necessidade de descansar e soltar a sua criatividade em algum momento. Afinal, ninguém passa 365 dias fazendo as mesmas coisas – já pensou o quanto nossa vida seria entediante se fosse como os mais chatos querem que seja?

Minha escolha foi pelo descanso no feriado – embora pela lei não seja – e que preciso desse tempo para organizar as coisas. A escolha da maioria dos brasileiros foi pela diversão e pela viagem. Ainda bem que nem todos os brasileiros são chatos. E se quiserem procurar por exemplos nos países desenvolvidos, vai achar tempos que eles dedicam à festas populares de suas culturas.

Porque o que não tiver de acontecer no Carnaval, acontece em algum outro momento do ano. Curta bem o seu tempo livre do seu modo. Nós continuaremos a acompanhar o Carnaval, afinal, para que ele exista é preciso a manifestação cultural e espontânea das pessoas que gostam. E quantos não gostam de se divertir à sua maneira? Elas podem extravasar no Carnaval.

Até porque nós não vivemos só de cara fechada.

Dica: Comemore, mas não exagere na bebida e evite confusão, tudo bem? Fica a dica.

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