Comidas típicas

As comidas típicas mais famosas das festas juninas são aquelas feitas a base de milho. Muita gente, principalmente nas escolas que fazem festas juninas com os alunos, chama de “festa da colheita” por ser justamente a ocasião em que se colhe o milho que se plantou há meses. E quem trabalha na roça plantou o milho cedo, perto do fim de fevereiro, início de março, e reza para que chova no dia 19 de março, dedicado a São José, para ter uma colheita farta e um inverno bom. E para quem não sabe, o inverno começa justamente próximo da véspera de São João, e no Nordeste é caracterizado pelo clima ameno e chuvas consistentes (se é que com as mudanças climáticas, isso seja possível).

O resultado da fartura aparece antes do período junino. É nesse momento que se colhe o milho na roça e se vende na cidade grande. As feiras ficam repletas de milho, que é vendido numa unidade de medida própria, a “mão”, correspondente a 52 espigas, mas dá para comprar menos que isso dependendo da necessidade de cada um. Geralmente com uma mão de milho, se faz de tudo um pouco: se separa aqueles que vão ser cozinhados, aqueles que vão ser assados na brasa, aqueles que se faz canjica, pamonha, e por aí vai. É desse jeito que a mesa de comidas típicas de São João vai se formando.

Aqui na Paraíba a canjica é daquela amarela, e a branca que o pessoal de outras regiões chama de canjica, chama-se munguzá. A pamonha, que pode ser encontrada em outras regiões do país, também é presença garantida em várias mesas. Tem também o próprio milho cozido ou assado na brasa – muita gente faz isso quando a fogueira termina de queimar e o que sobra é a brasa. Além do milho, dá para aproveitar para assar carne, queijo, enfim, fazer aquele churrasco. Se não for possível fazer isso na fogueira ou não for possível fazer uma fogueira, uma churrasqueira já quebra o galho. E tem brasa para a noite toda.

Não posso me esquecer dos bolos! O mais tradicional, como não poderia deixar de ser, é o bolo de milho, mas aqui em casa também tem bolo formigueiro ou mármore, um daqueles que mais gostamos de comer com café, ok, café não é algo típico das festas juninas, mas a gente sempre toma com o bolo que sobra da véspera no dia 24 de junho. Tal como no Natal, a gente sempre toma café ou almoça com a comida que sobrou da véspera. Respondendo a segunda parte da pergunta, todas as comidas que aparecem na arte de certo modo são tradicionais da época junina, e até de outras épocas, como o cuscuz, que é uma comida mais de rotina, de jantar diário. E é de milho.

Festa não é festa sem comida. E festa junina não é festa junina sem comida de milho. E nada pode ser mais tradicional do que as comidas típicas de São João, com uma mesa farta para a época, com comida para toda a família e para quem mais a gente puder receber. Afinal, é da comida que vem um pouco do clima junino: só de sentir o cheiro, você já se dá conta de que é junho. Só de sentir o gosto, você percebe que está no clima junino. Porque não existe nada mais junino que uma mesa repleta de comidas típicas, de todos os gostos, e com a presença do milho, a matéria-prima da maioria delas. Porque se a mesa foi farta, é porque a colheita foi boa.