A COMUNICAÇÃO QUE REALMENTE SONHO

Venho notando que o brasileiro é bem crítico em relação às mídias. Sempre vejo por aqui na Internet gente criticando […]

Venho notando que o brasileiro é bem crítico em relação às mídias. Sempre vejo por aqui na Internet gente criticando vários órgãos de imprensa, acusando de manipulação e tal, enfim, achando que a informação deveria ser aquilo que ele quer ler ou ouvir. Muitas vezes essas críticas podem até ter um pouquinho de razão ou verdade. Mas equilíbrio nessas horas é fundamental, pois até prove-se o contrário, não há para mim o certo ou o errado.

Lembrando de várias postagens feitas por mim durante o papelão Globo-Record, e diante de tudo o que ando lendo no acaso, vi ontem no caminho da escola um carro com um adesivo escrito assim:

Eu estava cego, e agora vejo

Detalhe: a letra O do “cego” foi trocada por um logo da Globo e a letra O ” do “vejo”, trocada por um logo da Record. O adesivo pode até refletir a opinião de um cidadão que conseguiu fugir da grande manipulação da Globo, mas por outro lado ele continua cego, pois acredito que a Record virou um novo canal de manipulação.

A televisão, não é para menos, e como bem disse em um comentário do Kristofer na postagem Fechada Televisão Aberta, é um AIR (Aparelho Ideológico do Estado). E no Brasil a Rede Globo se consolidou de tal fato (e sabe-se lá porque) como única fonte de informações. Aí se descobre o segredo de tudo isso.

E é aí que se descobre a importância de se democratizar a mídia, de se descobrir novas fontes de informações. Mas infelizmente essa luta está de uma certa forma se perdendo, por culpa da Record, que usa desse discurso para ser esse novo monopólio de informação.

Eu gostaria que a luta por uma mídia mais democrática fosse sincera e realmente democrática no nome, com a participação de todos. As razões desse argumento que uso é que a mídia de países como Portugal e EUA é democrática: em Portugal não há a maior televisão: temos a RTP, a TVI e a SIC. E nos EUA temos a CBS, a NBC e a ABC. Três canais que juntos dividem tudo em seus respectivos países: direitos de transmissão de eventos esportivos, de filmes, formatos de programas, enfim, tais investimentos levam esses canais a alternância da liderança de audiência.

Queria que esse modelo de televisão fosse implantado no Brasil, porque o que muita gente quer é substituir um monopólio por outro. Não é por aí. Ambas poderiam conviver com essa alternância e aceitar que outra empresa de comunicação invista pesado para chegar a seus níveis. Pode-se conviver muito bem com uma disputa de três emissoras, sem monopolismo de absolutamente ninguém. Falta um pensamento mais plural. Falta senso de concorrência.

E dá para reparar como a alternância é fundamental: nenhuma das três emissoras de TV, sejam elas de Portugal, sejam elas dos EUA, tem esses acessos de superioridade ou inferioridade que parece que só se vê no Brasil. Todas elas investem o mesmo volume de recursos, tem a mesma média de audiência em vários horários, a concorrência é equilibrada. E, com esse equilíbrio, é claro que o público ganha com a maior variedade de conteúdos, já que juntas três emissoras de televisão podem exibir num dia 72 horas de conteúdo em um dia. No Brasil, emissoras preferem contratar profissionais de outras emissoras ao invés de formar seus próprios profissionais, reflexo de que até nesse meio o primeiro emprego é difícil.

Garanto que, se três canais ou mais dividissem uma fatia de 51% que hoje corresponde a audiência da Globo, poderíamos, aí sim, ter uma televisão verdadeiramente democrática e plural. Em Portugal, nunca é demais lembrar, uma dessas três televisões é pública e tem uma boa audiência. Podemos sim, investir melhor em nossa televisão pública. E nos países europeus, a título de exemplo, esse investimento funciona, e muito.

Para mim, a melhor alternativa de democratização da televisão é essa. Em vez de troca de monopólio, que tal pensar em três canais ou mais se alternando na preferência dos telespectadores? O público ganharia muito com isso. E queria que esse sonho se tornasse realidade, afinal é possível sim. Para que a liberdade de escolher seja bem exercida em todas as horas. Ou melhor que isso, desligar a televisão e procurar outras mídias para se informar melhor.


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1 Comentários
  • gel disse:

    Que tal assistir a tv correio, essa é “imparcial”.

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